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terça-feira, 24 de maio de 2011

A intolerância política e a readaptação

Faustino Henrique|

A intolerância política e a readaptação

24 de Maio, 2011
 Depois de terminada a primeira fase das audições, interpelações e depoimentos no âmbito do inquérito sobre as alegações da UNITA relativas aos supostos casos de intolerância política impõe-se fazer algumas reflexões.
Não se trata propriamente de uma antecipação às conclusões da comissão parlamentar, mas apenas um exercício para inferir sobre a natureza do problema, para elogiar o gesto que levou à criação da comissão e enfatizar o que se pode aprender com as suas investigações.
Quando foi criada, por iniciativa da UNITA, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) propôs-se averiguar as reclamações do partido do "Galo Negro" sobre o que chama de intolerância política. Por intolerância política, a UNITA, segundo o que se pode depreender, pretende reclamar de todos os incidentes que envolvem a sua não-aceitação em determinadas áreas do país, tendo como fulcro razões políticas.
Embora nesta circunstância as coisas circunscrevam-se mais ao planalto central, a UNITA sustenta ainda que os casos de intolerância envolvem a perseguição e assassinato dos seus militantes, destruição dos seus bens e a recusa da sua bandeira ser desfraldada nas sedes municipais ou comunais. E tudo isso com cunho político partidário, razão pela qual o maior partido da oposição denomina todos estes incidentes de intolerância política.
Era necessário criar um ambiente que levasse ao esclarecimento destes problemas, com a particularidade relevante de se tirarem importantes lições desta experiência.
Foi assim que, durante a 19ª sessão ordinária da Assembleia Nacional, se criou a Comissão Parlamentar de Inquérito, coordenada pelo deputado Higino Carneiro e composta por 15 deputados, sendo 12 do MPLA e os restantes da UNITA, PRS e FNLA, com um deputado cada, de acordo com o princípio da proporcionalidade previsto no regimento interno.
A iniciativa foi louvável na medida em que se pode mesmo dizer que é um ganho para a nossa democracia. É seguramente a primeira vez que se cria, ao nível da Assembleia Nacional, uma comissão constituída inteiramente por deputados para inquerir sobre queixas apresentadas por um partido político.
Voltando à essência do problema, importa levantar a questão sobre a pertinência do que a UNITA chama de intolerância política. Não se pretende rejeitar que não terão existido casos que envolvessem excessos na rivalidade político-partidária entre militantes, de forma isolada. A dúvida prevalece sobre o envolvimento explícito ou implícito do partido no poder, dos seus dirigentes políticos ao nível da província do Huambo, municípios ou comunas.
Qualificar como intolerância casos que assumem claramente uma essência meramente policial é um exercício político evitável, por um lado. Por outro lado, os desmentidos iniciais relacionados com pessoas dadas como assassinadas por razões políticas alvitram alguma precipitação do partido do "Galo Negro" na província do Huambo.
A UNITA, enquanto maior partido da oposição, além de não precisar deste tipo de exercício, tem responsabilidades acrescidas no quadro da nossa democracia.
Numa altura em que os trabalhos da CPI não estão ainda concluídos, a UNITA, num gesto pouco digno de quem teve a iniciativa de criação da referida comissão, já vem a público pôr em causa o desempenho da mesma.
Com este tipo de exercício político, a UNITA tende a minimizar-se a si mesma, na medida em que procurar imputar o seu eventual fracasso de reimplantação em determinadas zonas do país ao partido no poder não a ajuda. Teria sido mais perspicaz da parte da UNITA se tivesse optado por sugerir a criação de uma comissão independente.
Mas quando a deputada da UNITA, Clarice Caputo, afirma que a tarefa da Comissão Parlamentar de Inquérito reflecte o espírito da missão dos deputados em ver esclarecido o assunto, expõe falta de seriedade ao colocar em causa uma entidade advogada pela própria UNITA.
Sabiam de antemão que a criação da CPI e eventualmente os procedimentos da sua actuação, como era de esperar, obedeceria ao critério da proporcionalidade decorrente da representatividade partidária ao nível do parlamento.
Ao invés de procurar investir no que todos os angolanos podem aprender com a experiência ou legado desta comissão parlamentar, a UNITA procura fazer o mais difícil. O partido do "Galo Negro" precisa de ponderar seriamente sobre o papel que teve até 2002, o seu aterrador passivo e a reconciliação para com o povo.
Uma das lições que a UNITA deve retirar de tudo isto por que está a passar e que prefere denominar de intolerância política, é que para o povo angolano o partido que fez oposição armada e o que está no poder não constituíam peças de uma mesma engrenagem.
Às vezes, os militantes da UNITA, quando confrontados com uma observação sobre o papel de cada um dos mais influentes partidos políticos angolanos, tendem a dizer que ambos cometeram erros na mesma proporção.
Isto não é verdade aos olhos do cidadão comum e do povo, independentemente das manipulações a que o povo pode estar sujeito, tão-pouco em função da relativa maturidade política.
A UNITA precisa provavelmente de uma catarse política profunda, que venha despertá-la sobre a necessidade de uma ampla reconciliação com o povo angolano em geral e com a sua base eleitoral em particular.
Daqui a meses não estranhemos se uma das conclusões que o painel criado para averiguar os casos de intolerância vier a arrematar que, com excepção de um ou outro caso, a grande maioria das alegações não passam de casos isolados de polícia.
O resto é tudo consequência do legado tenebroso da UNITA, um passado que o partido do "Galo Negro" pretende simplesmente diluir passando uma borracha.
Não será melhor assumir esse passado e que, entre outras iniciativas, passaria também por um pedido público de desculpas, particularmente pelo reacender do conflito entre 1992 e 2002?
Está de parabéns a Assembleia Nacional pela iniciativa que teve, um reflexo da nova realidade que se coloca, no âmbito da fiscalização de casos políticos. 

sábado, 30 de abril de 2011

SITUAÇÃO DA COSTA DO MARFIM, QUE LIÇÕES PARA DEMOCRACIA EM ÁFRICA?


TONY PARRACHITA*
As imagens que correram na internet em torno da detenção de Laurent Gbagbo são de todo repugnantes. Não obstante o ex- presidente ivoirense ter negado os resultados das últimas eleições onde Outtara saiu vencedor, alegando ter havido irregularidades no norte, um reduto dominado maioritariamente, pelo seu adversário, a exibição mundial de imagens de Gbagbo semi-nu em nada dignifica o nosso continente.
As forças aliadas de Alassane Outtara, invadiram a residência de Gbagbo, prendendo a este, esposa, e mais 150 pessoas. Nenhum tudo foi um mar de rosas como certa imprensa ocidental tenta passar impingindo as mentes africanas e ao mundo que não houve violação de direitos humanos.
 Tais imagens fazem recuar as nossas memórias para um passado menos distantes com situações que ocorreram no continente africano onde os opositores políticos no Zaire como Patrice Lumumba, cujo corpo até desconhece-se o destino, na Libéria com Samuel Do, cujo corpo foi arrastado e triturado em pleno estádio ou mesmo em uma situação doméstica com a morte de Jonas Savimbi, que independentemente dos males que terá causado aos milhares de angolanos (particularmente ao autor destas linhas) merecia um tratamento mais digno, mas não é esta a filosofia da guerra, cujo objectivo cinge-se em humilhar o adversário.
A humilhante detenção de Laurent Gbagbo, ditou a morte política deste antigo professor de História, independentemente de muita gente querer alardear que ele queria agarrar-se ao poder é preciso estar atento a determinados factores de que a situação da Costa do Marfim não se resume apenas a este impasse, existem outros motivos como os conflitos étnicos entre muçulmanos e cristãos, a genuidade da nacionalidade, cuja filosofia da marfinensidade ainda é reinante, cingindo-se na preeminência dos nativos em relação aos outros cidadãos, tornando-se num dos principais factores da instabilidade actual das Costa do Marfim.
Outtara depois de ter tomado o poder apelou que iria trabalhar para a reconciliação dos ivoirenses nos próximos 2 anos, querendo que antes o seu opositor político reconheça que ele foi vencedor das eleições de Novembro de 2010, para depois leva-lo a barra da justiça. Porém, a reconciliação será algo difícil de vir acontecer atendendo a falta de dignidade com a exposição do corpo de um presidente não obstante dos erros cometidos, coisa que os apoiantes do ex-presidente irão jamais perdoar.
Com isso resume-se que Outtara não se sente seguro e ao exigir este reconhecimento de Gbagbo, estará ele próprio a reconhecer que o seu opositor continua a ser o presidente constitucional da Costa do Marfim, mergulhando o país para um impasse.
Esta situação da Costa do Marfim juntando-se ao caso da Líbia demonstra que as grandes potências cultivam simultaneamente a prática das boas leis e das boas armas quando os seus interesses são ou não afectados.
As potências como a França, EUA, Inglaterra tem muitos interesses baseados nos países africanos e quando estes interesses são postos em risco em função da aparição de “iluminados” africanos não suportarem mais a colonização moderna, são tidos como “persona non grata”, isto é o que sucedeu com Gbagbo na Costa do Marfim e Kadhafi na Líbia.
A invasão a residência do até então presidente está em volta de muito mistério, pois a força com que os aliados de Outtara chegaram ao palácio presidencial em menos de 15 dias com o apoio das forças francesas e da ONUCI (demonstrando um paralelismo sem igual da ONU) era difícil de se aceitar, pois que nenhum exército do mundo pode ser formado neste espaço de tempo, e no caso da Costa do Marfim tal só podia acontecer se os aliados do agora presidente ivoirense contassem com apoio dos da CEDEAO. Com relação a isto já se ouviu pronunciamentos dos Presidentes Russos e da China.
Importa realçar em função a certa notícia difundida pela imprensa ocidental principalmente a francesa, Angola sempre respeitou o posicionamento da União Africana, razão pela qual apresentou ao então presidente da Costa do Marfim a proposta de abandono do poder, tendo este negado. Laurent Gbagbo foi vítima dos seus próprios erros nos últimos 4 ano.
Após a tomada do poder Alassana Outtara não consegue estar unidos com os companheiros de luta, Coulibaly elemento que liderou uma facção que apoiou as forças do actual Presidente marfinense foi morto. Está decretado a caça as bruxas, quer se aceite ou não… Haver vamos até onde vão nos levar os próximos capítulos da novela Costa do Marfim.
* Estudante de Relações Internacionais.


domingo, 10 de abril de 2011

Imprensa acompanha mudanças revolucionárias

Omar el Sadr |

Imprensa acompanha mudanças revolucionárias

08 de Abril, 2011
Tal como sucede com os políticos e economistas, também os jornalistas se têm que adapar às mudanças sociais e profissionais impostas pela revolução que parece ter vindo para mudar profundamente todo o mundo árabe.
A única diferença entre as alterações que se estão a verificar nos diferentes sectores sócio-profisisonais do mundo árabe é que, no que respeita aos joranalistas, estas estão a ser feitas a um ritmo verdadeiramente alucinante e ao sabor de quem comanda as operações.
Dominado pela toda poderosa cadeia de televisão do Qatar, Al Jazeera, o espectro mediático que acompanhou a evolução dos movimentos revolucionários dos diversos países árabes serviu de “alavanca” utilizada para arregimentar apoios, seja para a contestação ou para a apresentação de argumentos que pudessem explicar algumas das decisões que agora estavam a provocar a fúria popular.
As diferentes estações árabes de televisão, com execpção da já referida Al Jazeera, foram pura e simplesmente ignoradas pelas cadeias internacionais chegando mesmo a assistir-se a algumas tentativas de as conotarem com os poderes contestados. No Egipto, desde 25 de Janeiro, já foram substituídos por três vezes as direcções de redacção da televisão e da agência de notícias MENA. Primeiro numa “caça às bruxas”, depois por tentativas pontuais de vinganças pessoais e, agora, pelo desejo de adequar os critérios informativos aos tempos que correm e que se baseiam numa flexibilidade que se pode confundir com falta de autoridade ou mesmo de convicção.
Durante décadas a imprensa árabe viveu sem qualquer problema de concorrência. Eram poucos os lares que tinham acesso às grandes cadeias internacionais de televisão e só nos últimos dez anos é que as populações começaram a familiarizar-se com a utilização da internet. A revolução tecnológica verificada no mundo árabe, e que despertou a mentalidade da juventude para a reivindicação de melhorias na sua situação de vida, foi acompanhada por uma maior exigência no acesso à informação caseira provocando algumas interrogações entre a realidade dos factos que diariamente viviam e aquilo que lhes era apresentado como uma realidade que começavam agora a saber ser mentira.
Com a consolidação das alterações políticas verificadas na Tunísia e no Egipto não fazia qualquer tipo de sentido que a imprensa se mantivesse à margem das mudanças que se registam a uma velocidade alucinante.
De um momento para o outro, os grandes títulos dos jornais passaram a reflectir uma realidade exposta pelas imagens televisivas e que espelhavam os diferentes momentos de uma revolução que ainda está por terminar mas que já deixa perceber que nada voltará a ser como dantes. Sobretudo na imprensa. Nos países do Golfo, por exemplo, os jornais desempenharam um papel fundamental ao contrariarem a ideia que era transmitida pela “amiga” imprensa ocidental e pelas próprias imagens televisivas.
O diário Al Watan, o mais respeitado no país e tido como mantendo uma relação de proximidade com o rei Abdullah fruto do sem empenhamento na implementação de uma série de reformas sociais, foi o primeiro a denunciar a existência de um pedido dos Estados Unidos para o envio de militares para o vizinho Bahrein com o objectivo de travar, “por todos os meios possíveis”, a manifestação popular que ameaçava a segurança do reino e a coesão da região. Esse jornal, que ainda é referenciado por ser a tribuna que o rei usa para obter o apoio do povo para algumas das suas decisões que não têm unanimidade no reino, não se cansou de criticar os Estados Unidos pelo seu posicionamento sinuoso em relação ao que se passa no mundo árabe, estando hoje a sentir na pele o ostracismo das grandes cadeias internacionais, como a CNN e a BBC, que já o colocaram ao lado das “ditaduras reais”. Fruto dos diferentes poderes, económico ou político, os jornalistas são os primeiros a serem descartados sempre que se verificam alterações substanciais no que respeita a correlação de forças no poder. Não é, pois, de estranhar que desde o início das revoluções árabes os jornalistas tenham estado no fio da navalha através de um rigoroso escrutínio ao seu desempenho como se fossem uns meros intervenientes políticos sem qualquer tipo de comprometimento profissional.
Invariavelmente, os ministros das Informação – ou Comunicação Social – são os primeiros a serem sacrificados sempre que surge uma mudança brusca de regime. Foi assim na Tunísia, no Egipto e está a ser, também, na Líbia.
O poder da informação, ainda que na maior parte das vezes apenas reconhecido em situação extrema de desespero de causa, é interpretado pelos diversos poderes consoante as suas necessidades e etiquetado como descartável sempre que considerado inconveniente. Poucos são os regimes que resistem à tentação de manipular a informação internamente produzida, mas muitos são os que lhes viram as costas quando confrontados com situações que querem uma tomada de decisões que obrigam a uma maior reflexão.
No mundo árabe a imprensa está a tentar adaptar-se a estes ventos de mudança e a sentir alguma dificuldade em manter viva a sua indentidade cultural e editorial. É que, por exemplo, a um jornal do Egipto é exigida uma interpretação em relação ao que se passa na Líbia completamente diferente daquela que, mesmol idêntica na sua génese, tem que ter sobre o que ocorre no Iémen.
Mesmo sem querer a imprensa árabe, no seu todo, fruto de todas as sinuosidades resultantes de realidades diferentes con tinua a ser refém de decisões políticas aplicadas consoante interesses particulares que nada têm a ver com o livre direito do povo à informação nem se compadece com apreciações relativas a desempenhos profissionais.
Para o ocidente, tal como na política, também na informação existem os jornalistas “bons” e os “maus”. É tudo uma questão de como se consegue fazer transmitir a mesma realidade através de diferentes prismas.

José Márcio - Líbia é vítima de operação do "caos manejado"

José Márcio

Líbia é vítima de operação do "caos manejado"

09 de Abril, 2011
Tudo o que agora acontece na Líbia e à volta deste país revela cada vez mais o que acontece com a política de alguns países na divisão geopolítica do mundo por meio do “caos manejado” para derrubar regimes indesejáveis aos países ocidentais.
O Ocidente não morre de amores pelo regime de Muammar Kadhafi desde o ano de 1969, quando o Conselho Revolucinário do Comando da República Árabe Líbia tomou a decisão de retirar do seu território todas as bases militares estrangeiras. Nessa altura os interesses dos EUA e da Grã-Bretanha sofreram um grande revés.
A situação agravou-se ainda mais nos anos 80 quando a Líbia assumiu o compomisso de financiar a luta armada contra o “militarismo ocidental” em todo o mundo e a responsabilidade de algumas acções terroristas. Por essa razão, em 1992, o Conselho de Segurança da ONU, pressionado pelos EUA e pela Grã-Bretanha, impôs as primeiras sanções ao regime de Kadhafi.
Depois da ocupação do Iraque, Muammar Kadhafi aliviou a sua política e, como resultado, em 2004, a Líbia ficou livre das sanções internacionais. Mas o nível de tensão voltou a agravar-se quando, em Setembro de 2009, durante a 64ª sessão da Assemleia-Geral da ONU, Kadhafi criticou de forma enérgica a política de alguns países desenvolvidos, acusando-os de “terrorismo” e “racismo”. Mas porque razão a Líbia está a ser atacada por potências estrangeiras?
Muitas opiniões apontam para a miséria do povo, o “estilo” de Kadhafi dirigir o país, a corrupção na sociedade líbia. Os argumentos à primeira vista parecem ser justos, mas não colhem num país como a Líbia, que não é um país pobre. Até Fevereiro deste ano, o rendimento per capita era 13.800 dólares, duas vezes mais do que na Ucrânia, Egipto e Argélia, e 1,5 vezes mais do que a Tunísia.
O nível médio salarial é de 1.000 dólares. Até ao início da revolta, cada cidadão líbio recebia tudo do Estado para satisfazer as suas necessidades básicas. Transporte, energia, gás para fins domésticos e combustíveis chegavam à população a preços baixos. Todos os habitantes têm habitação gratuita. O subsídio de maternidade é de 8.000 dólares.
A Líbia ocupava o primeiro lugar entre os países africanos pelo nível da vida da população e a esperança de vida é de 77 anos. Em geral, os direitos humanos foram cumpridos melhor do que em alguns países democraticos da Europa e da Ásia.
Perante esta realidade, é justo dizer que apenas o “baixo” nível de vida da população, a falta de democracia e o “estilo” de Kadhafi na direcção do país é pouco para justificar a agressão armada das potências ocidentais.
Alguns peritos internacionais alegam que a causa principal da guerra contra a Líbia é o jazigo de petróleo líbio com um volume à volta de três mil milhões de toneladas. E o gás com 657 mil milhões de metros cúbicos. Essas riquezas estão fora do controlo das grandes potências ocidentais. Por isso, impuseram a guerra.
O caos instalou-se no país a 17 de Fevereiro, com acções antigovernamentais através do uso de armas, o que tem que ser considerado como crime organizado e, consequentemente, tratado de uma forma especial pelos instrumentos especiais do Estado. O que é que foi feito?
A comunidade internacional, sob iniciativa dos EUA, adoptou sanções contra a Líbia, que se traduziram no uso da força, através da OTAN, e no apoio aos rebeldes que pretendem derrubar o Presidente Muammar Kadhafi. Mas a mais perigosa cláusula da resolução é o direito de tomar “todas as medidas necessárias” para a defesa da população civil. Quem tem este direito? O mesmo está a ser concretizado? Claramente, não!
Isso significa de uma forma inequívoca que o Ocidente engendrou os distúrbios na Líbia, armou a chamada oposição e desencadeou no país a guerra civil, apoiando militarmente os rebeldes para combater o exército de um país soberano. Dito de outra outra forma, a Líbia tornou-se a vítima do “caos manejado”.
A Rússia apoiou de imediato o cessar-fogo e está em condições de assegurar uma zona sem vôos, segundo as cláusulas da resolução 1973, para a defesa da população civil e a salvaguarda da paz. A Alemanha continua numa política de não se comprometer com a guerra de assalto ao petróleo.
Como disse o Presidente russo D. Medvedev, as forças da coligação não têm que sair dos limites impostos pela resolução do Conselho da Segurança da ONU. Reforçando a posição do seu Presidente, o ministro da Defesa da Rússia, A. Serdiukov, afirmou que todas as operações que possam prejudicar ou prejudicam efectivamente a população civil têm que ser paradas. Mas se isso acontecer, o petróleo e o gás continuam fora do controlo das grandes potências ocidentais. Por isso, a guerra continua. E o assassinato de civis e “rebeldes” nos bombardeamentos da OTAN continua
também.

O golpe militar internacional na Costa do Marfim

Álvaro Domingos |

O golpe militar internacional na Costa do Marfim

09 de Abril, 2011
Em Abidjan tropas francesas e da ONU disparam sobre o palácio presidencial onde, como dizem os propagandistas do ocidente, o Presidente Gbagbo está refugiado. O Presidente constitucional está no seu posto, no palácio presidencial. É o seu lugar, não é um refúgio. O mundo assiste a estes atropelos impávido e sereno como se a violência fosse solução para os problemas da humanidade e a falta de respeito pela soberania nacional seja uma coisa normal e aceitável à luz do direito internacional.
É grave que no século XXI existam tropas francesas num país africano independente e membro da ONU. Mas a gravidade da situação não altera a realidade. Tropas francesas estão em muitos países africanos para impor a ordem à francesa mesmo que ela seja a desordem completa.
Em Abidjan a ordem de Paris está a ser imposta à lei da bala. Os civilizados franceses matam gente inocente, destroem equipamentos e edifícios, colocam a Costa do Marfim em estado de sítio. Depois apresentam a factura ao presidente que eles querem ao comando do país. E ele, como foi ajudado pelas armas dos franceses, ­paga. Até é capaz de pagar mais alguma coisa pelas “quebra”.
Esta situação devia cobrir de vergonha todos os democratas do mundo e os povos livres. Mas a ONU tem tropas em Abidjan a matar civis e a disparar sobre o palácio onde está o presidente constitucional. Pior do que isto é impossível. A ONU existe para promover a paz e a concórdia. Mas basta uma ordem de Washington, Londres ou Paris e a organização que deve ser a mais forte guardiã da paz mundial prepara as armas, faz as mochilas e parte para os teatros de operações. Na Costa do Marfim as tropas da ONU são forças invasoras e carregam às costas centenas de vítimas civis.
Na Costa do Marfim não existe uma guerra civil como a propaganda ocidental pretende fazer crer. O que existe é uma agressão armada da ONU e da França contra um estado soberano. O que existe é um golpe militar de forças internacionais contra o Presidente Constitucional. E também existem os massacres do costume. Para intimidar os patriotas, os que ousam enfrentar invasores e ocupantes, os soldados da ONU e da França matam civis como quem bebe um copo de “rouge”. As vozes que se levantam contra a ingerência, contra o golpe de militares internacionais e os seus massacres são muito débeis. Não têm a força que está por trás de Ban Ki-monn ou Sarkozy. Porque se o exército da Costa do Marfim for capaz de derrotar as tropas ocupantes da França e da ONU, amanhã avança a OTAN. É só aumentar o raio de acção dos aviões que estão a destruir a Líbia. Por trás da “aliança” ocidental estão as maiores potências militares mundiais e ninguém pode esperar ganhar numa luta tão desigual. Mas como sempre, aos agressores falta o povo. Por isso é que surgem os massacres, para que ninguém ouse levantar-se contra os invasores.
Na Costa do Marfim os agressores até já têm rebeldes capitaneados por um presidente eleito num escrutínio feito à medida dos seus interesses e não no respeito pelas normas constitucionais. Mas a ONU não quer saber da vida dos civis, nem aprova resoluções que permitam defender as populações indefesas. Para cada caso, há uma medida diferente. Para cada situação, há o peso que interessa aos invasores. Os massacres em cidades e vilas vão ser “investigados” por quem os cometeu. Os matadores vão saber quem foi que massacrou.
Na Líbia a situação é ainda mais grave. A ONU deu luz verde à guerra com o pretexto de que é preciso proteger os civis. Mas os países que comandam a guerra estão a dar armas terríveis aos “rebeldes”. França, Grã-Bretanha e EUA até declararam solenemente que vão fornecer ainda mais armas aos que estão a destruir o seu país e fazem apelos patéticos a que sejam intensificados os bombardeamentos à sua pátria. Para proteger civis, a ONU manda matar civis. Porque aqueles que estão do lado da OTAN são os bons. Os que estão do lado do Governo legítimo e não admitem a invasão estrangeira são os maus. Os que dão a vida pela defesa da sua pátria contra os ataques da OTAN não contam e podem morrer nos bombardeamentos.
A tragédia da Líbia já mostrou que para a OTAN, tudo o que mexe é para matar. Os “rebeldes” também levam com bombas em cima e já morreram às centenas com “fogo amigo”. O que está verdadeiramente em causa é o roubo do petróleo. Estou a medir bem as palavras: a guerra da Líbia tem como único fim o roubo do petróleo.
E se esta operação de latrocínio for bem sucedida, amanhã outro país produtor de petróleo ou de matéria-primas estratégicas vai ser ­vítima de uma guerra. O Ocidente não quer pagar o preço justo pelos recursos naturais dos países africanos. Habituaram-se, durante séculos, a ficar com tudo sem pagar. Nos anos de colonialismo as grandes potenciais ocidentais ficaram com tudo: com a nossa terra, os nossos recursos e com a nossa liberdade.
Angola foi o primeiro país africano que decidiu lutar pela independência nacional de armas na mão. Os angolanos não se limitaram a umas revoltas isoladas para inglês ver. Fizeram uma luta armada de libertação nacional que lançou em África as sementes da liberdade e só terminou quando a Namíbia foi independente e o “apartheid” liquidado.
As potências ocidentais não aprenderam as lições que levaram em Angola. É pena porque estão a arrastar o mundo para uma situação que não sendo de guerra total e aberta, vai ser seguramente de ausência de paz, nas suas cidades e nos seus países. Era bom que parassem enquanto é tempo. Mas os exemplos da Líbia e da Costa do Marfim mostram que nada detém as grandes potências na sua estratégia de roubo generalizado das matérias-primas em África.

Forças da guerra fingem apoio às vítimas

Álvaro Domingos |

Forças da guerra fingem apoio às vítimas

10 de Abril, 2011
A ONU autorizou a guerra contra a Líbia com o argumento de que era necessário proteger as populações civis das autoridades do seu país. Quando começou a agressão, todo o mundo compreendeu, inclusive os mandantes da guerra, que afinal os líbios estavam com o seu governo e não aceitam a ingerência estrangeira. As potências que têm assento no Conselho de Segurança da ONU ficaram apenas com uns bandos armados que aparecem nas televisões de todo o mundo a implorar à OTAN que largue mais bombas sobre o seu país e o seu povo.
Na democracia todos têm lugar, até os que são capazes de pedir a forças estrangeiras que massacrem os seus compatriotas. Há uma excepção: não são aceitáveis ataques à independência e à soberania de cada Estado. Porque quando isso acontece, fica tudo em causa e a primeira vítima dos ataques é a ­democracia. O que se passa no Iraque é o melhor exemplo de como os invasores que impõem a guerra puseram em causa tudo, até a liberdade e a vida dos iraquianos. Para derrubar Saddam Hussein, as tropas dos EUA mataram centenas de milhares de iraquianos civis e destruíram o país mais próspero e mais avançado do Médio Oriente.
Foi recentemenrte divulgado um número que arrepia: desde a invasão dos EUA, foram assassinados no Iraque mais de 300 professores universitários. Se pensarmos à escala de Angola, podemos imaginar a tragédia que isso representa.
É que nós ficávamos sem ensino superior, se um invasor qualquer assassinasse 300 professores universitários angolanos. Na Líbia os mentores da guerra estão a seguir o mesmo caminho. A ONU tem a pesada responsabilidade de ter autorizado a destruição de uma boa parte do país e um desastre humanitário sem precendentes na região. As próprias agências especializadas das Nações Unidas falam em dezenas de milhares de refugiados líbios, para não falarmos de muitos mais de outros países e que ganhavam a sua vida trabalhando na Líbia.
As instituições ditas humanitárias dos EUA e de outros países que estão a fazer a guerra contra a Líbia começaram a fazer a sua propaganda. E dizem ao mundo que estão a levar comida e bens de primeira necessidade para as populações do Leste da Líbia. Primeiro vão lá os aviões da OTAN, dos EUA, da França e da Grã-Bretanha, largam bombas, matam e destroem. Depois aparecem as organizações “humanitárias” a curar as feridas e a alimentar quem antes tinha abundância.
Esta é a anatomia do crime que está a ser levado a cabo na Líbia. Quem está a fazer a guerra para proteger civis, mata esses mesmos civis a um ritmo avassalador. Destroça casas e meios de vida. Depois avança com a caridade. Como se a Líbia precisasse da caridade de países que estão na penúria financeira e não são capazes de garantir condições de vida aos seus povos.A opinião pública mundial precisa de tomar consciência do que verdadeiramente está a acontecer na Líbia.
Raramente os crimes ficam sem castigo. Mais cedo ou mais tarde, a agressão à Líbia vai ter repercussões no ocidente.
As relações de confiança entre Estados foram gravemente afectadas com este súbito ataque ao Presidente Kadhafi, por políticos que dias antes lhe rendiam vassalagem e pediam apoio financeiro.
A Líbia tem fortunas colossais em fundos soberanos nos países ocidentais. A primeira coisa que fizeram foi “congelar” esses fundos. A guerra permite que o dinheiro tape agora os buracos financeiros nos países que fazem a guerra. Esta é a parte mais sórdida de uma guerra que segundo um general americano, não tem solução militar.

terça-feira, 5 de abril de 2011

General Angolano “Kopelipa” reforça capital no Banco BIG para 8,37 por cento

kopelipa 4503A World Wide Capital (WWC), empresa do general angolano Hélder Vieira Dias (conhecido por “Kopelipa”) reforçou, embora de forma ligeira, a sua posição como quarto maior accionista do Banco BIG, detendo agora 8,37 por cento da instituição.
Os dados constam da listagem de accionistas com mais de dois por cento referentes ao final de 2010, divulgada pela instituição financeira.
Um ano antes, a 31 de Dezembro de 2009, a WWC era dona de 7,9 por cento do capital do BIG. Foi nesse ano que o chefe da Casa Militar de José Eduardo dos Santos passou a ser o quarto maior accionista do banco de investimento presidido por Carlos Rodrigues.
A WWC começou com uma participação de 4,4 por cento em 2007. Além da posição no BIG, a WWC, onde "Kopelipa" tem como sócio Álvaro Torre (gestor que dá a cara pelo projecto angolano de comunicação social Medianova), é também o accionista maioritário da empresa Colinas do Douro, que adquiriu duas quintas nesta região vitivinícola.
Olhando para a lista actualizada de accionistas da instituição financeira, verifica-se que a Edimo detém 4,9 do capital (sétimo maior accionista).
A Edimo é uma empresa ligada a Mirco Martins, enteado do presidente da petrolífera angolana, Manuel Vicente (que no último congresso do MPLA foi nomeado para o bureau político do partido que governa este país). Até à entrada da Edimo no BIG Manuel Vicente tinha uma posição directa no capital do banco, de dimensão equivalente.
De acordo com o relatório e contas da Sonangol referente a 2008, é no Banco BIG que estão, sob custódia, as acções do Millennium bcp detidas pela Sonangol (agora com 14,5 por cento do banco liderado por Carlos Santos Ferreira, e a caminho dos vinte por cento).
De resto, verifica-se que os accionistas com posições inferiores a dois por cento do capital são cada vez menos. Quando no final de 2009 estes concentravam 30,41 por cento das acções (eram 33,43 por cento em 2008), no fim de Dezembro de 2010 tinham um peso de 29,93 por cento.
O maior accionista continua a ser António da Silva Rodrigues, com 12,13 por cento (contra 12,34 por cento em 2009), seguido pela Adger, SGPS (10,79 por cento, contra os 10,98 por cento do ano anterior) e Carlos Rodrigues (8,62 por cento, ligeiramente acima dos 8,44 por cento do final de 2009).

O Bloco Democrático e a manifestação dos insultos

A manifestação de sábado (2.04.2011) na Praça da Independência mostrou que a Frente para a Democracia continua moribunda mesmo com a mudança de nome. O problema é mesmo de ideias e de liderança. Fui lá para ouvir com atenção o que os seus mentores tinham para me dizer.
Acredito que temos sempre alguma coisa a aprender com os jovens. Mais uma crença: a experiência dos anos deu-me a certeza de que a juventude é facilmente manipulada e por isso os pescadores de águas turvas estão sempre a servir-se da sua generosidade para dar satisfação às suas ambições inconfessáveis e ilegítimas.manif luanda 766
Para começar quero dizer que vou praticamente todos os sábados à Praça da Independência onde encontro muitas famílias, pares de namorados e os inevitáveis atletas de fim-de-semana. No sábado da manifestação, os habituais frequentadores primaram pela ausência. Só lá estava o pequeno grupo de manifestantes e os grandes dirigentes do Bloco Democrático, versão recauchutada da Frente para a Democracia. Vou directo ao assunto. É óbvio que a manifestação foi a estreia do novo partido político superiormente liderado pelos manos Justino e Vicente Pinto de Andrade mais Filomeno Vieira Lopes, para falar dos mais antigos nas lides políticas.
Desta vez eles decidiram dar a cara e fizeram bem. É feio deixar os "miúdos" pendurados numa manifestação a favor da democracia. Ninguém me vai levar a mal se disser que aquilo foi tão confrangedor que me meteu pena. O Bloco Democrático partiu o semi-eixo logo no arranque e depois das próximas eleições vão ter de mudar o nome. Têm desde já garantida mais uma extinção, se conseguirem concorrer. Mas não foi o fracasso dos grandes políticos do Bloco Democrático que mais me incomodou. Foi aquele vazio de ideias, aquela indigência política, aquelas figuras tristes de pessoas com idade para terem juízo.
O mais grave foi ouvir na Praça da Independência insultos ao Chefe de Estado. É verdade que os grandes líderes do Bloco Democrático não fizerem coro com os insultos. Mas estavam ali para o bem e para o mal. Se em vez de três ou quatro dezenas de manifestantes estivessem lá três ou quatro mil, eles iam querer sair de lá em ombros. Portanto, responsabilizo-os pelos insultos ao Chefe de Estado, que é Presidente de todos os angolanos e tem de ser respeitado.
A democracia tem esta grandeza. Permite tudo: faltas de respeito, desconsiderações, golpistas, vaidades balofas, abusos, políticos sem categoria, protestos exaltados. A superioridade dos democratas está em aceitar a diferença, mesmo quando ela está em desconformidade com os princípios democráticos e com as mais elementares regras do civismo e da convivência pacífica. Não gostei de ouvir insultar o Chefe de Estado.
Tenho pena de que estes excessos de "kuduristas" com fome e sede de protagonismo tenham rebentado na cara dos altos dirigentes do Bloco Democrático, até porque reconheço que alguns deles são genuinamente defensores da democracia e da liberdade de expressão. Não estou a vê-los vestir a pela de "muatas da paz" e depois à socapa desenterrarem os machados da guerra. Mas foram eles que escolheram a companhia e se atrelaram à "manifestação".
Álvaro Domingos
Jornal de Angola

Costa do Marfim: Laurent Gbagbo rende-se

O presidente cessante da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, abandonou o poder esta terça-feira e pediu protecção das Nações Unidas, avança a agência Reuters.

O anúncio surgiu na sequência de uma intensa negociação com a comunidade internacional, depois de vários ataques da missão das Nações Unidas e de aviões militares franceses ao palácio e residência de Gbagbo e do apelo do presidente dos Estados Unidos Barack Obama, para que o presidente cessante deixasse o poder.

Chega assim ao fim o conflito político que dominava a Costa do Marfim desde as eleições de Novembro de 2010, onde Alassane Outtara foi reconhecido pela comunidade internacional como o novo presidente do país, mas foi confrontado com a recusa de Gbagbo em deixar o cargo.

Recorde-se que o impasse político colocou a Costa do Marfim sob uma onda de violência e tensão nos últimos meses, registando-se centenas de mortos em confrontos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Crise no Egipto põe Israel em estado de choque

Omar el Sadr|

Crise no Egipto põe Israel em estado de choque

Um profundo sentimento de inquietação, misturado com perplexidade, está instalado no seio do Governo israelita que entrou em verdadeiro estado de choque perante o que se está a passar no mundo árabe e, sobretudo, no seu poderoso vizinho: o Egipto.
Apesar do conforto que lhe é dado pela garantia de estar do lado daqueles que o Ocidente considera serem os "bons", o facto é que os israelitas são os que mais podem ser afectados por eventuais profundas alterações na anterior correlação de forças, que lhes permitia manter uma posição de superioridade face às pressões árabes relacionadas com o processo de paz na região.
De um momento para o outro, Israel viu a Autoridade Palestiniana e o Hamas chegarem a um entendimento para a realização de eleições e para uma importante visita que Mahmoud Abbas deverá efectuar na próxima semana à Faixa de Gaza. Uma visita que poderá oficializar a reunificação – e o reforço – entre todos os palestinianos e que poderá marcar um virar de página na tal correlação de forças que tanto preocupa as autoridades israelitas. Mas, como Israel está na lista dos "bons", pode utilizar esse estatuto para garantir alguma tranquilidade. Para isso, o seu ministro da Defesa, Ehud Barak, já fez saber junto dos seus aliados dos Estados Unidos que necessita de uma ajuda militar suplementar da ordem dos 20 milhões de dólares. Essa verba, que os Estados Unidos já disseram não ter problemas em disponibilizar, será exclusivamente utilizada para fazer face às "consequências que possam advir das revoltas árabes".
Uma dessas "consequências" poderá ser a revisão do acordo que Israel tinha assinado com o Egipto para o fornecimento, durante 25 anos, de gás, sem qualquer aumento de preço. O novo Governo do Cairo, pressionado pela revolta popular, já anunciou que não irá respeitar esse acordo e que eventuais futuros fornecimentos do gás de que Israel tanto necessita para o desenvolvimento da sua economia terão um substancial aumento de preço. Durante largos anos, por influência directa dos Estados Unidos, Israel tinha no Egipto, Jordânia e Arábia Saudita importantes aliados para o prosseguimento da sua política de hostilização face aos palestinianos, o que levou ao arrastamento de um processo de paz que parecia não ter fim.
Se a sua relação com a Jordânia e a Arábia Saudita parece não ter sofrido grandes convulsões – até porque a revolta popular nestes dois países não teve grandes consequências práticas na estrutura do poder – já em relação ao Egipto as coisas apresentam-se de forma completamente diferente.
Grande potência do mundo árabe, o Egipto tem, por si só, a capacidade de influenciar a situação interna nos restantes países da região. Essa capacidade aumenta, agora, na medida em que ninguém sabe muito bem como será o futuro de um processo que continua recheado de "sombras".
Apesar dos militares no poder terem dito que respeitarão todos os acordos assinados pelo regime de Hosni Mubarak, entre os quais se inclui o compromisso de paz que foi celebrado com o Estado Hebreu em 1979, a verdade é que a nível interno começam a surgir vozes – como a dos Irmãos Muçulmanos e de alguns jovens que habitualmente se reúnem na Praça Tahrir – que pretendem que o Egipto assuma a sua verdadeira identidade árabe e defenda os interesses dos seus parceiros regionais e que abandone a sua subordinação perante os interesses do Ocidente. O próprio Irão, que para o Ocidente lidera o lado dos "maus", tem desenvolvido esforços discretos para apoiar aqueles que no Egipto defendem que é tempo do país deixar de "namorar com o inimigo" e colocar-se, definitivamente, ao lado dos seus irmãos árabes. Nesta separação que o Ocidente faz entre os "bons" e os "maus" começam a desenhar-se, naturalmente, algumas alianças. No lote dos primeiros está o Bahrein, a Arábia Saudita, a Jordânia e o Iémen, onde os acordos que mantém com os Estados Unidos para o combate à Al Qaeda mais parecem um salvo-conduto para perpetuar o presidente Saleh no poder. Do lado dos maus está a Líbia (obviamente), a Argélia e o Irão, principalmente.
O Egipto, uns dias está entre os "bons" (quando os militares anunciam decisões que garantem a defesa dos "valores democráticos") noutros pertence ao bloco dos "maus" (quando anuncia a revisão dos acordos económicos com Israel e permite que os Irmãos Muçulmanos se manifestem publicamente). Esta dificuldade que o Ocidente tem em entender a actual realidade egípcia, onde a população respeita os militares na justa medida em que estes respeitem as suas liberdades, está a colocar Israel à beira de um ataque de nervos, já que não se cansa de reclamar a necessidade de reiteradas provas do respeito pelos acordos anteriormente alcançados. A desorientação de Israel e o receio que tem de que o Egipto passe a favorecer o entendimento inter palestiniano que está a ser desenhado entre o Hamas e a Fatha, poderá estar na origem dos recentes ataques que a sua aviação efectuou contra a Faixa de Gaza e que marcam o reinício dos confrontos militares naquela região.
Esse entendimento, a surgir com o apadrinhamento do Egipto, poderá ser um marco determinante na alteração da actual correlação de forças entre os "bons" e os "maus" e marcar o recomeço de um conflito que incendiará ainda mais o Médio Oriente, levando Ocidente a cair na tentação de efectuar mais "acções cirúrgicas" semelhantes às que estão a decorrer na Líbia.
É que a diferença entre estar na lista dos "bons" e na dos "maus" representa, "só", ter ou não o direito a poder gerir os assuntos internos dos seus próprios países.

Crise no Egipto põe Israel em estado de choque

Omar el Sadr|

Crise no Egipto põe Israel em estado de choque

Um profundo sentimento de inquietação, misturado com perplexidade, está instalado no seio do Governo israelita que entrou em verdadeiro estado de choque perante o que se está a passar no mundo árabe e, sobretudo, no seu poderoso vizinho: o Egipto.
Apesar do conforto que lhe é dado pela garantia de estar do lado daqueles que o Ocidente considera serem os "bons", o facto é que os israelitas são os que mais podem ser afectados por eventuais profundas alterações na anterior correlação de forças, que lhes permitia manter uma posição de superioridade face às pressões árabes relacionadas com o processo de paz na região.
De um momento para o outro, Israel viu a Autoridade Palestiniana e o Hamas chegarem a um entendimento para a realização de eleições e para uma importante visita que Mahmoud Abbas deverá efectuar na próxima semana à Faixa de Gaza. Uma visita que poderá oficializar a reunificação – e o reforço – entre todos os palestinianos e que poderá marcar um virar de página na tal correlação de forças que tanto preocupa as autoridades israelitas. Mas, como Israel está na lista dos "bons", pode utilizar esse estatuto para garantir alguma tranquilidade. Para isso, o seu ministro da Defesa, Ehud Barak, já fez saber junto dos seus aliados dos Estados Unidos que necessita de uma ajuda militar suplementar da ordem dos 20 milhões de dólares. Essa verba, que os Estados Unidos já disseram não ter problemas em disponibilizar, será exclusivamente utilizada para fazer face às "consequências que possam advir das revoltas árabes".
Uma dessas "consequências" poderá ser a revisão do acordo que Israel tinha assinado com o Egipto para o fornecimento, durante 25 anos, de gás, sem qualquer aumento de preço. O novo Governo do Cairo, pressionado pela revolta popular, já anunciou que não irá respeitar esse acordo e que eventuais futuros fornecimentos do gás de que Israel tanto necessita para o desenvolvimento da sua economia terão um substancial aumento de preço. Durante largos anos, por influência directa dos Estados Unidos, Israel tinha no Egipto, Jordânia e Arábia Saudita importantes aliados para o prosseguimento da sua política de hostilização face aos palestinianos, o que levou ao arrastamento de um processo de paz que parecia não ter fim.
Se a sua relação com a Jordânia e a Arábia Saudita parece não ter sofrido grandes convulsões – até porque a revolta popular nestes dois países não teve grandes consequências práticas na estrutura do poder – já em relação ao Egipto as coisas apresentam-se de forma completamente diferente.
Grande potência do mundo árabe, o Egipto tem, por si só, a capacidade de influenciar a situação interna nos restantes países da região. Essa capacidade aumenta, agora, na medida em que ninguém sabe muito bem como será o futuro de um processo que continua recheado de "sombras".
Apesar dos militares no poder terem dito que respeitarão todos os acordos assinados pelo regime de Hosni Mubarak, entre os quais se inclui o compromisso de paz que foi celebrado com o Estado Hebreu em 1979, a verdade é que a nível interno começam a surgir vozes – como a dos Irmãos Muçulmanos e de alguns jovens que habitualmente se reúnem na Praça Tahrir – que pretendem que o Egipto assuma a sua verdadeira identidade árabe e defenda os interesses dos seus parceiros regionais e que abandone a sua subordinação perante os interesses do Ocidente. O próprio Irão, que para o Ocidente lidera o lado dos "maus", tem desenvolvido esforços discretos para apoiar aqueles que no Egipto defendem que é tempo do país deixar de "namorar com o inimigo" e colocar-se, definitivamente, ao lado dos seus irmãos árabes. Nesta separação que o Ocidente faz entre os "bons" e os "maus" começam a desenhar-se, naturalmente, algumas alianças. No lote dos primeiros está o Bahrein, a Arábia Saudita, a Jordânia e o Iémen, onde os acordos que mantém com os Estados Unidos para o combate à Al Qaeda mais parecem um salvo-conduto para perpetuar o presidente Saleh no poder. Do lado dos maus está a Líbia (obviamente), a Argélia e o Irão, principalmente.
O Egipto, uns dias está entre os "bons" (quando os militares anunciam decisões que garantem a defesa dos "valores democráticos") noutros pertence ao bloco dos "maus" (quando anuncia a revisão dos acordos económicos com Israel e permite que os Irmãos Muçulmanos se manifestem publicamente). Esta dificuldade que o Ocidente tem em entender a actual realidade egípcia, onde a população respeita os militares na justa medida em que estes respeitem as suas liberdades, está a colocar Israel à beira de um ataque de nervos, já que não se cansa de reclamar a necessidade de reiteradas provas do respeito pelos acordos anteriormente alcançados. A desorientação de Israel e o receio que tem de que o Egipto passe a favorecer o entendimento inter palestiniano que está a ser desenhado entre o Hamas e a Fatha, poderá estar na origem dos recentes ataques que a sua aviação efectuou contra a Faixa de Gaza e que marcam o reinício dos confrontos militares naquela região.
Esse entendimento, a surgir com o apadrinhamento do Egipto, poderá ser um marco determinante na alteração da actual correlação de forças entre os "bons" e os "maus" e marcar o recomeço de um conflito que incendiará ainda mais o Médio Oriente, levando Ocidente a cair na tentação de efectuar mais "acções cirúrgicas" semelhantes às que estão a decorrer na Líbia.
É que a diferença entre estar na lista dos "bons" e na dos "maus" representa, "só", ter ou não o direito a poder gerir os assuntos internos dos seus próprios países.

domingo, 3 de abril de 2011

Guilhermino Alberto

Guilhermino Alberto |

O regresso dos cowboys

Entre finais de Novembro e princípio de Dezembro do ano passado estive em Tripoli para cobrir a Cimeira União Africana/União Europeia.
Com muitos outros jornalistas angolanos, fiquei hospedado no hotel Carthago, próximo do complexo presidencial que agora foi bombardeado pelas forças aliadas. E uma coisa tenho a certeza: é muito dificil atacar o complexo presidencial de Kadhafi em Tripoli sem atingir civis inocentes que vivem à volta. É o mesmo que pedir a um elefante para andar sobre uma plantação de tomates sem os esmagar.
Não morro de amores por Kadhafi. E a minha experiência da cobertura da Cimeira União Africana/União Europeia, em Tripoli, foi suficientemente dramática para perceber que há falta de liberdade naquele país. Só o facto dos passaportes de todos os jornalistas terem sido retidos no aeroporto militar à chegada e devolvidos apenas no dia da partida, dez dias depois, dá para perceber o tipo de regime ali implantado.
Kadhafi, para mim, não é nenhum democrata, mas não posso concordar que sob a justificação de proteger civis se lancem bombas de destruição massiça sobre uma zona da cidade de Tripoli densamente habitada.
Este reiterar primitivo das cowboyadas com a absurda justificação de que é preciso salvar a humanidade dos maus, atenta contra os mais elementares direitos humanos. Não se protege um povo matando-o.
Ninguém atacou Marrocos, no ano passado, para proteger os civis saharauis refugiados num campo inóspito, quando eram selvaticamente bombardeados pela Força Aérea Real. Pelo contrário, o Plano de Acção União Europeia-Marrocos de 2011 estabelece o reforço dos laços de amizade e cooperação em vários domínios. Não há nenhuma cláusula exigindo o fim da bárbarie e a libertação dos activistas dos direitos humanos.
Ninguém bombardeou a Birmânia, onde um regime feroz atacou a ferro e fogo manifestantes civis, incluindo monges budistas, que exigiam apenas democracia.
Aqui chegados, temos de convir que voltamos aos velhos tempos dos cowboys, em que volta a vigorar a Lei do Colt, para ocupar terras e ficar com o ouro (negro) dos líbios ao preço de nada.

As bombas do Nobel da Paz


Álvaro Domingos |

As bombas do Nobel da Paz


Description: http://imgs.sapo.pt/jornaldeangola/img/quote_start.gifO Presidente Obama surgiu na política acompanhado de holofotes intensos que ofuscaram todos os outros políticos americanos e deixaram a senhora Hillary Clinton numa espécie de limbo sombrio, donde só conseguiu sair pela mão de quem a trucidou nas eleições internas do Partido Democrático. Obama, de cometa da política, rapidamente passou a uma mania que contaminou o mundo e pôs de joelhos os circunspectos cavalheiros que ano após ano, nas terras frígidas do Norte da Europa, escolhem as pessoas excepcionais às quais é colocado o rótulo de Prémio Nobel.
A atribuição do prestigiado prémio a cientistas não tem levantado polémicas especiais. Mais ou menos todos reconhecem o mérito aos laureados.
O problema começa a ser sério quando se trata de escolher o melhor escritor. Habitualmente a decisão do Comité Nobel gera polémica, mesmo se teve a coragem de escolher um Dario Fo ou o poeta Pablo Neruda, comunista confesso e ao mesmo tempo bardo de um amor que se toca e respira.
Graves, mas mesmo muito graves, têm sido as escolhas das personalidades laureadas com o Prémio Nobel da Paz. Aqui o desvario atinge as raias do absurdo e dá cobertura a figuras que estão na fronteira entre o sadismo e o extermínio em massa da Humanidade. Como Obama está na moda – a luz dos holofotes começa a perder intensidade – os cavalheiros do Comité Nobel foram na onda e antes do Presidente dos EUA ter mostrado qualquer sinal de amor à paz, foi agraciado com o prémio.
Não se pode dizer que esta decisão tenha gerado polémica. Os fãs da estrela da Casa Branca exultaram, comendo pipocas e emborcando mais uns litros de Coca-Cola. Os que levam a política a sério mas detestam lavar roupa suja em público, recusaram fazer qualquer comentário à atribuição do Nobel da Paz a Barack Obama. Os que depositavam nele a esperança de acabar com a ditadura da indústria bélica americana apressaram-se a dizer que agora é que vai ser. Mas quem conhece a política americana e os seus actores, achou que os cavalheiros nórdicos perderam a cabeça ou quando tomaram a polémica decisão estavam em agradáveis libações alcoólicas.
O tempo, como sempre, encarrega-se de pôr tudo a nu. Hoje sabemos que a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Barack Obama foi um disparate irremediável. Não se pode dar semelhante passo, só porque alguém proclama piedosas intenções.
O Presidente dos EUA disse que ia retirar rapidamente as tropas invasoras do Iraque e do Afeganistão e elas ainda lá estão, de pedra e cal, matando, torturando, destruindo. Fizeram do país mais democrático e desenvolvido do Médio Oriente um montão de destroços e reduziram o povo iraquiano à condição de refugiados ou deslocados dentro do seu país, quando não a cadáveres.
Obama disse que ia encerrar o campo de concentração de Guantanamo e acabar com os tribunais militares onde as sentenças são lavradas à medida dos interesses dos que querem manter a guerra em todo o mundo, para que a facturação da indústria bélica americana continue em alta.
Os bombardeamentos à Líbia foram decididos por Barack Obama. Mesmo que os mísseis “cruzeiro” só matem camelos e façam crateras nas areias do deserto, temos de reconhecer que um Prémio Nobel da Paz não pode decidir a agressão à bomba contra seja que país for, mesmo que o Conselho de Segurança da ONU assine a cruzada contra os “infiéis islâmicos” e o assalto ao petróleo líbio.
O prémio é recheado com muito dinheiro e esse já ninguém o tira da conta bancária de um Nobel da Paz amante da guerra e dos bombardeamentos aéreos. A medalha que acompanha o cheque bancário ficou em mil pedaços quando caiu a primeira bomba sobre Tripoli. O prestígio do prémio jaz moribundo no fundo da cratera provocada por uma bomba de Obama despejada sobre a Líbia. Poucos tinha dúvidas mas agora toda gente sabe que as bombas da coligação ocidental, em vez de protegerem civis líbios estão a matá-los e servem apenas para levar a reboque os bandos apresentados como “rebeldes” e se esforçam por parecer sérios ante as câmaras das televisões ocidentais.
A estrela mundial da política continua a brilhar em grande plano, à medida em que a senhora Hilarry Clinton vai sendo o rosto envelhecido de uma diplomacia que aposta tudo nos crimes de guerra, na ingerência armada, na falta de respeito pelas soberanias nacionais. Os países da coligação que promove massacres na Líbia querem exportar uma democracia que não interessa aos países livres, porque ela é construída sob pilhas de cadáveres de civis inocentes.
O Prémio Nobel da Paz Barack Obama defende e promove a guerra, é o rosto da agressão e o número um da cruzada que pretende levar a todo o mundo o modelo que destroçou o sistema financeiro dos EUA, provocou milhões de crianças sem abrigo em todos os Estados americanos, atirou com famílias inteiras para a miséria absoluta, desde o interior rural às portas da Disneylândia, na Florida.
Quem não é capaz de garantir às crianças americanas um lar, não tem o direito de impor esse modelo a ninguém. Mesmo que se enfeite com a medalha e os fundos milionários
do Prémio Nobel da Paz.
Obama e a senhora Clynton deviam unir esforços para garantir uma casa às crianças dos EUA. Para lhes darem alimentação, cuidados saúde e ensino.
Quando garantirem esses direitos mínimos à camada mais vulnerável da sociedade americana, vão seguramente perceber que as cruzadas absurdas de imposição aos outros de um modelo que até agora só produziu dor e luto, não interessa a ninguém, nem ao Comité Nobel, ainda que esteja interessado na venda de explosivos e seus derivados.
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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Embaixada angolana em Washington já tem conta bancária


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O embaixador norte-americano Christopher McMullen garantiu, ontem, em Luanda, estarem ultrapassados os problemas que impediam a representação diplomática de Angola em Washington de efectuar movimentações bancárias nos Estados Unidos.
Após ver as suas contas encerradas no HSBC, no Bank of América e, mais tarde, no Sonabank (Southern National Bankcorp) da Virgínia, a embaixada de Angola, em colaboração com as autoridades norte-americanas, começou a trabalhar com outro banco, sem entraves, assegurou o diplomata.
“Graças a Deus, sim e a embaixada de Angola já encontrou outro banco. Estamos muito contentes com este facto. Estávamos a trabalhar com a Embaixada afim de encontrar outro banco e agora estamos a trabalhar para evitar ter problemas deste tipo no futuro”, assegurou McMullen.
Após ver aceite as cartas credenciais pelo Presidente José Eduardo dos Santos, o embaixador do Estados Unidos, Christopher McMullen, era um homem visivelmente satisfeito: “Sinto-me muito entusiasmado por estar aqui em Angola, agradeci ao Presidente José Eduardo dos Santos por aceitar as minhas cartas credenciais e disse que já temos laços muito fortes que pretendo aprofundar e ampliar ainda mais a nossa cooperação bilateral em muitos campos”. Para o diplomata, a parceria estratégica entre Angola e os Estados Unidos deve constituir um mecanismo para promover interesses mútuos em áreas como energia, educação e agricultura.
“É uma vantagem e vamos seguir em frente”, declarou, frisando esperar da sua missão o aumento do investimento e maior aprofundamento das relações comerciais.
“Temos níveis muito altos em matéria de investimento e de comércio, mas queremos aprofunda-los. Temos um acordo quadro de investimentos e vamos procurar eliminar alguns obstáculos para promover, ainda mais, o comércio entre os dois países”, disse.
Christopher J. McMullen sublinhou que tem de Angola uma “imagem muito positiva” e que fez questão de dizê-lo ao Presidente José Eduardo dos Santos. “Disse ao Presidente José Eduardo dos Santos que me impressionou muito o facto de Angola ter feito muitos progressos num período muito curto”, revelou do embaixador americano.
Jornal de Angola