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domingo, 10 de abril de 2011

Forças da guerra fingem apoio às vítimas

Álvaro Domingos |

Forças da guerra fingem apoio às vítimas

10 de Abril, 2011
A ONU autorizou a guerra contra a Líbia com o argumento de que era necessário proteger as populações civis das autoridades do seu país. Quando começou a agressão, todo o mundo compreendeu, inclusive os mandantes da guerra, que afinal os líbios estavam com o seu governo e não aceitam a ingerência estrangeira. As potências que têm assento no Conselho de Segurança da ONU ficaram apenas com uns bandos armados que aparecem nas televisões de todo o mundo a implorar à OTAN que largue mais bombas sobre o seu país e o seu povo.
Na democracia todos têm lugar, até os que são capazes de pedir a forças estrangeiras que massacrem os seus compatriotas. Há uma excepção: não são aceitáveis ataques à independência e à soberania de cada Estado. Porque quando isso acontece, fica tudo em causa e a primeira vítima dos ataques é a ­democracia. O que se passa no Iraque é o melhor exemplo de como os invasores que impõem a guerra puseram em causa tudo, até a liberdade e a vida dos iraquianos. Para derrubar Saddam Hussein, as tropas dos EUA mataram centenas de milhares de iraquianos civis e destruíram o país mais próspero e mais avançado do Médio Oriente.
Foi recentemenrte divulgado um número que arrepia: desde a invasão dos EUA, foram assassinados no Iraque mais de 300 professores universitários. Se pensarmos à escala de Angola, podemos imaginar a tragédia que isso representa.
É que nós ficávamos sem ensino superior, se um invasor qualquer assassinasse 300 professores universitários angolanos. Na Líbia os mentores da guerra estão a seguir o mesmo caminho. A ONU tem a pesada responsabilidade de ter autorizado a destruição de uma boa parte do país e um desastre humanitário sem precendentes na região. As próprias agências especializadas das Nações Unidas falam em dezenas de milhares de refugiados líbios, para não falarmos de muitos mais de outros países e que ganhavam a sua vida trabalhando na Líbia.
As instituições ditas humanitárias dos EUA e de outros países que estão a fazer a guerra contra a Líbia começaram a fazer a sua propaganda. E dizem ao mundo que estão a levar comida e bens de primeira necessidade para as populações do Leste da Líbia. Primeiro vão lá os aviões da OTAN, dos EUA, da França e da Grã-Bretanha, largam bombas, matam e destroem. Depois aparecem as organizações “humanitárias” a curar as feridas e a alimentar quem antes tinha abundância.
Esta é a anatomia do crime que está a ser levado a cabo na Líbia. Quem está a fazer a guerra para proteger civis, mata esses mesmos civis a um ritmo avassalador. Destroça casas e meios de vida. Depois avança com a caridade. Como se a Líbia precisasse da caridade de países que estão na penúria financeira e não são capazes de garantir condições de vida aos seus povos.A opinião pública mundial precisa de tomar consciência do que verdadeiramente está a acontecer na Líbia.
Raramente os crimes ficam sem castigo. Mais cedo ou mais tarde, a agressão à Líbia vai ter repercussões no ocidente.
As relações de confiança entre Estados foram gravemente afectadas com este súbito ataque ao Presidente Kadhafi, por políticos que dias antes lhe rendiam vassalagem e pediam apoio financeiro.
A Líbia tem fortunas colossais em fundos soberanos nos países ocidentais. A primeira coisa que fizeram foi “congelar” esses fundos. A guerra permite que o dinheiro tape agora os buracos financeiros nos países que fazem a guerra. Esta é a parte mais sórdida de uma guerra que segundo um general americano, não tem solução militar.

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